Sábado eu fui acompanhar um evento de trabalho e na mesa dois escritores falaram da dificuldade de se reconhecerem como escritores. Falaram também daquela coisa de autoficção e etc. Quem me conhece há algum tempo sabe como eu sou obcecada com essa tema.
Uma das pessoas da mesa disse que não escrevia literatura, que tudo ali no livro dela era real. Ok, pode ser, mas quem garante? Eu não conheço aquela pessoa, então aquilo para mim pode ser tudo inventado. Assim como a outra pessoa, que escreve contos, pode falar de si mesma em cada um e dizer que é ficção. Por isso que eu amo tanto literatura, tudo é um grande mistério. Você pode escrever um livro sobre um dragão e estar falando de si mesmo.
Uma amiga leu o conto que escrevi e disse que me identificou em várias passagens, mas que de repente ficou na dúvida e achou que eu estava inventando coisa. Acho que era realmente isso que eu queria.
Sempre quis ser escritora, sempre amei escrever qualquer coisa, mas eu tinha muita dificuldade de criar algo. Enquanto meus textos de blog e newsletter saíam com muita facilidade, ao criar uma história eu me via travada, pensando em detalhes, em nomes, em situações.
Por que não usar meu jeito de escrever sobre as coisas e tentar fazer algo maior? A G. me disse que o conto é o primeiro capítulo de um possível livro. Abri o documento do word e continuei escrevendo. Avancei bem e parei. Não apenas esse papo de “não sou escritora”, mas a vida em si.
Novembro foi um dos meses em que mais trabalhei na vida, em que fiquei confusa com meus sentimentos e tive crises de ansiedade que eu não tinha há anos. Aí a minha loira odonto do coração (psiquiatra) achou melhor dobrar os meus remédios. E aqui estou eu, gastando o dobro com remedinhos para a cabeça e tentando passar ilesa pelo mês de dezembro.
Não sei vocês, mas eu já cheguei naquele ponto de “meu deus eu não aguento mais esse caralho mas não tem jeito então vamos lá”. Mesmo sem muitas forças, estou tentando rever amigos. Sábado vi uma amiga de quem fiquei uns sete anos afastada. Agora que voltamos a conversar, ela vai se mudar para o interior.
A pandemia mudou muito a minha forma de me relacionar com as pessoas. Preciso aprender a ter calma, a não falar simplesmente “então foda-se” para qualquer pequeno embate. Estou velha e cansada, sem paciência, mas querendo formar e estreitar laços. Tem sido complicado.
Minha terapeuta perguntou quais as coisas que eu gosto de fazer, além de ver filme e ler. Falei que era escrever, que tinha voltado a ter uma newsletter, um blog e que estava escrevendo muito no meu diário. Falei do projeto de livro. Ela disse para eu continuar. Ainda não tive coragem de abrir o arquivo.
Ainda fico nessas de “que audácia minha dizer que sou escritora e que estou escrevendo um livro”. Mas gente, tanto macho medíocre, que escreve mal pra cacete, fica gritando pro mundo o quão maravilhosa é a escrita dele. Então acho que eu posso dizer pelo menos que estou tentando ser escritora.
Eu trabalho, moro sozinha e tenho dois gatos. São muitas coisas para fazer no dia a dia, mas espero conseguir me organizar e escrever, escrever e ver se algo acontece. Quer dizer, já aconteceu. Eu já escrevi apresentações e orelhas de livros, artigos sobre cinema, publiquei um conto. Então bora, né?
Enfim, talvez a dose dobrada de remédio esteja fazendo efeito, afinal, estou com um arzinho de esperança nessa newsletter. Espero seguir dessa forma porque há uma semana eu só queria ficar deitada chorando.
E como autocuidado para esse mês de dezembro, eu vou ver filmes de terror natalinos. A ideia é rever o meu preferido, Black Christmas, no dia 24, quieta em casa com meus gatos. Também estou baixando séries. Eu não consigo terminar nenhuma, mas vou tentar. Espero ter uns dias de nada para fazer e poder ficar largada na frente da tv.
Acho que vou seguir escrevendo aqui e no blog, não gosto disso de “férias” no final do ano. Tudo para e eu aqui, procurando coisas. Então, se alguém quiser papear, estamos aí.
Beijo
Michelle
PS1: Sou PJ e não tenho décimo terceiro. Se você estiver com grana sobrando e gostar do que eu escrevo, meu pix é michelleb.henriques@gmail.com
PS2: Escrevo na internet de graça desde os tempos de fotolog, então acho ok deixar meu pix aí como quem não quer nada
PS3: Vou parar por aqui antes que eu me arrependa de ter feito o PS1
PS4: Eu adoro numerar as minhas newsletters, e esqueci de fazer isso nessa nova leva. Começo hoje e finjo que nada aconteceu
como pessoa que adoraria escrever ficção mas me faltam ideias, venho aqui deixar meu incentivo para que tu continue escrevendo 💜