Desde que eu comecei a trabalhar eu nunca tive um mês seguido de férias. No meu primeiro emprego CLT eu tirava 15 e 15. Aí virei PJ e ainda tinha uns dias livres. A última vez que realmente fiquei de folga foi na FLIP de 2015. Depois acabaram as folgas do emprego PJ, fui emendando emprego em emprego, e nessa loucura toda, oito anos sem parar.
Agora estou num recesso de fim de ano. Tecnicamente começou ontem, mas eu ainda tive que ver umas coisas de trampo. Hoje é o primeiro dia que eu acordo sem nenhuma obrigação de trabalho. E como eu me sinto? Um lixo. Estou com cólica, com dor de cabeça, cansada e com a sensação de que eu deveria estar fazendo algo. Isso tudo atacou a minha ansiedade e eu não consigo me concentrar na leitura.
Baixei aquele app da florestinha para não ficar mexendo no celular, sabe? Quanto mais tempo você fica longe, mais a florestinha cresce. Está sendo bom não ficar no celular o tempo todo. Acostumei a ficar grudada nele justamente por causa de trabalho. Saudades de quando não havia comunicação de trabalho 24 horas por dia. Bizarro como a gente se sente culpado de estar descansando, né?
Eu estava fazendo uma maratona de filmes de terror natalinos. Enjoei e comecei a ver filmes coreanos. Passou a vibe também. Peguei um monte de DVD emprestado com o D. Agora estou na fase de querer ver mais filmes do Hitchcock. Fico esperando por outros Psicoses ou Festins Diabólicos, não rola e eu fico chateada.
Terminei de ler os diários da Susan Sontag e estou bem impressionada. Ela era uma pessoa muito, mas muito complexa. Grossa, chata, a ponto de ser convidada a não frequentar mais um café que ela ia. Mas ela se sentia sozinha, era dependente emocional das pessoas, de suas namoradas, de seu filho. E o cérebro dela era uma coisa seca e racional, apesar de tudo. A figura dela é fascinante mesmo.
Em 2016 eu tinha feito uma promessa para mim mesma de passar 2017 lendo Sontag. Não li uma vírgula dela. Ali eu já devia ter entendido que eu detesto ler coisas por obrigação. Eu quero olhar para a estante e pegar o livro que me der vontade. Ou abrir o kindle e pensar “hum, esse negócio tá aqui tem mais um de ano”, como foi o caso lá do livro de cientologia.
Eu tenho um caderno que faço listas de dvds da Agnès Varda, Ingmar Bergman e Vincent Price que tenho. Também tenho uma lista das Crônicas Vampirescas da Anne Rice. Ah, também fiz uma lista de filmes que os Misfits citam nas músicas deles. As de 2024 são: livros novos (presentes ou comprados), wishlist (só tem Anne Rice e Karl Ove até agora) e Leia Podreiras (clubinho em que eu e amigas só lemos lixinhos).
Ando viciada em algumas músicas específicas da Tori Amos, elas não saem da minha cabeça e eu fico cantarolando o dia todo. Fiz uma playlist para o ano novo que tem me trazido muita alegria. Todo o meu gosto musical bagunçado está nela e gosto de me exercitar com fones de ouvido no último volume, fingindo que isso não vai me fazer mal. Depois que deletei o last fm eu fiquei mais musical. Ontem limpei as estantes que ficam na casa dos meus pais e trouxe aqui pra casa aquele dos 1001 discos. Quem sabe eu faça um desafiozinho.
Estou lendo aquele O verão sem homens (trad. Alexandre Barbosa de Souza), da Siri Hustvedt. O nome já explica o conteúdo do livro. Meu exemplar eu comprei usado, e a pessoa que o leu antes de mim grifou diversas palavras. Acho que ela não sabia o significado delas. Engraçado que eu também não sei o de várias, mas nunca pensei em grifar ou ir buscar o significado. Tento ir pelo contexto.
Está calor, estou sentada na frente do ventilador desde que acordei, por volta de 5h30, sem motivo aparente. Infelizmente despertei e já peguei o celular. Reli uma mensagem que mandei antes de dormir e pensei que dei uma exagerada. A resposta da pessoa não foi bem o que eu esperava. Enfim, abençoada seja a florestinha que não me deixa olhar de cinco em cinco minutos o whatsapp.
Hoje estou ansiosa e sem saber direito o que fazer comigo mesma. Amanhã vejo amigas, domingo já é Natal. Janto com meus pais e volto, durmo cedo. Dia 25 eu costumo passar em casa sozinha, vendo filmes e comendo panetone. Espero estar tranquila para conseguir me concentrar nos filmes e em descansar de verdade, não ficar pensando merda.
Os outros dias devem ser agitados, espero. Quero ver pessoas queridas, quero passear, quero visitar museus, sebos, livrarias, comer fora e viver como se eu tivesse dinheiro para tudo isso. Risos nervosos. E logo começa o novo ano. A nova agenda eu já comecei. Anotei coisas nela. Marquei coisas para o dia 2 e para o dia 4. Dia 5 é aniversário do meu pai. A ideia é passar todos os fins de semana de janeiro com D. antes que ele vá para a Europa. Dia 8 volto a trabalhar.
Eu era uma pessoa que vivia de acordo com todo um planejamento, e quando ele não dava certo eu surtava. Aí veio a pandemia e nunca mais fiz planos de nada. Agora voltei aos poucos. Acontece de chegar no dia e eu estar sem forças, mas também bate a ansiedade gostosinha às vezes. Quando os planos não dão certo, eu não surto mais tanto.
Espero que vocês estejam bem aí.
E obrigada a quem me lê e vem trocar ideia. Fico bem feliz de compartilhar as coisas.
Um beijo
Michelle
Eu tentava fazer listas de leitura pra garantir que eu não estou lendo só séries hypadas estadunidenses e clássicos de homem branco europeu, mas como eu também escolho muito baseado no meu humor, não estava funcionando. Criei um esquema de categorias onde o meu objetivo é ler 3 de cada categoria, mas eu me dou 5 opções (e tudo bem se eu ler uma coisa que não estivesse nas opções originais, desde que encaixe na categoria). É meio caótico, mas foi a única técnica de organização de leituras que funcionou até agora. Eu gosto de planejar as tarefas e eventos porque se não vou indo no automático e perco as coisas que não são recorrentes. No fim do ano passado não fiz muito planejamento me senti bem perdida, então esse ano a ideia é voltar pro baile.
Simplesmente não organizo mais nada na vida, porque também me frustro quando não dá certo e tenho crises de ansiedade. Quem quer viver tendo crises, né?
Já não dou bola para metas literárias também, só vou lendo o que quiser (embora sempre tenha um projetinho pessoal encaminhado rs).
Olha, eu reativei minha newsletter com outro nome e textos novos ;) Espero que em 2024 eu a mantenha kkk
Feliz natal e boas festas, Mi!!! <3