Todo dia eu acordo e a primeira coisa que eu faço é pegar o celular para ver se tem mensagem de alguém. Não penso em ninguém específico, só espero que tenha algo legal de alguém bacana. Se tem mensagem ruim, já azeda meu dia. Nesse fim de ano não tenho tido mensagens boas pela manhã.
Acordo todo dia perto de seis horas, não consigo mais dormir e depois fico sonolenta o dia todo. Saí pouco, passei muito tempo no sofá vendo filmes e lendo. Estou vendo muita coisa velha, das grandes estrelas de Hollywood e está sendo bem legal. Para leitura, escolhi um do Stephen King. Comecei uns outros três livros, mas só esse engatou.
Também tenho feito lição do Duolingo até meus dedos doerem. Espanhol, porque eu amo a América Latina. Uma vez eu disse na terapia que eu não tinha nenhum grande sonho e isso me deixava meio frustrada. Falei sobre viajar a América Latina toda. Será que algum dia eu vou ter dinheiro para isso? Será que eu vou conseguir ficar longe dos meus gatos? E se me der crise de ansiedade em outro país?
Enfim, tenho visto algumas pessoas fazendo retrospectivas de 2023. Eu não posso reclamar desse ano, eu fiz muita coisa, eu me livrei de muita coisa, eu quebrei a cara várias vezes e passei por cada insalubridade que eu só consigo dar risada, porque chorar não adianta mais. Eu não viajei, não fiquei rica, não conheci o amor da minha vida, não virei adepta da não-monogamia, não entrei para um culto e nem vi um OVNI.
Eu me recuperei de um burnout (para quase ter outro agora no final do ano), eu tive momentos ótimos com amigas, eu conheci pessoas legais, eu fui em diversas exposições, vi um monte de filme, li muito e tive longas conversas interessantes. Consegui me virar, pagar as contas e cuidar dos meus gatos, então acho que é um bom resultado.
Eu não tenho nenhum grande plano para 2024: só quero me sentir minimamente bem. Eu sempre escrevo isso no meu diário, sempre termino dizendo que só quero me sentir minimamente bem, depois de ter escrito um monte de merda que se passa pela minha cabeça.
Estou ensaiando projetos novos para 2024, mas nada concreto ainda. Eu, que sempre tive 200 blogs, sites, podcasts e o caralho, estou sem nada no momento. Assisto o que quero sem ter que pensar em escrever depois, leio sem ter que estudar aquilo para falar a respeito. Quero essa leveza, quero encerrar o dia de trabalho e não ter que pensar em 200 obrigações. E não quero precisar ter essas 200 obrigações para pagar as contas.
Não estou triste nesse final de ano, me sinto cansada e apática, na verdade. Sinto sono, a cabeça pesada e o corpo lento. Acho que é resultado de tudo que aconteceu ao longo do ano, coisas boas e ruins. Estou escrevendo essa carta sentada no sofá, na frente do ventilador, e pensando que preciso tomar banho e ir ao mercado. Talvez eu espere anoitecer.
Acho que essa vai ser a última carta de 2023. Amanhã cedo recebo uma visita que fica até dia 2. Vamos passear, fazer festa e existir, espero que longe do celular, apenas respondendo as pessoas que eu gosto. Volto logo, ainda terei uns dias de folga, mas já estou marcando mil coisas.
Espero que vocês estejam bem aí. E quem odeia final de ano, tá acabando. Logo a gente volta para a rotina. E eu vou começar a reclamar da cidade de São Paulo caótica durante o carnaval, aí tem meu aniversário, outono, inverno e as sessões de filmes de terror dos anos 80.
E vamos conversando, compartilhando as coisas e nos ajudando, porque é isso, né?
Beijo
Michelle
Tão lembrar que a gente não tem que nada, como se o final de ano fosse esse portal de passagem obrigatória em que a gente tem que revisar a vida e fazer grandes planos. Na maioria das vezes a gente só tá cansado e precisa de um feriadinho pra ficar bem, né? Obrigada pelo lembrete! 🩶
“Espanhol, porque eu amo a América Latina” somos duas